Dilacera-me

Dilacera o meu corpo,
enquanto susténs em ti o pouco de ar que te resta.
Dilacera a minha mente,
enquanto a ti te questionas quem és.
Rasga este meu peito,
enquanto sangras as palavras que um dia, erradamente, te ofereci.
Rasga o meu peito, apenas um pouco mais
e desta vez, que me libertes:
Liberta-me da jaula que é este o meu corpo,
mas que me ensines a voar.
Liberta a minha alma e vê-me escapar-te por entre os dedos,
que nem grãos de areia, que te fogem sem assim dares por eles.
Sem assim o desejares.
Mas repete comigo,
Que existe beleza na destruição.
E grita em plenos pulmões para que todos te oiçam,
que eu nasci do caos, e que por isso me chamo Calma,
e que tudo em mim é luto,
e por isso sou Esperança;
Mas que já nada em mim és tu,
nem já nada a ti te pertence,
porque mãos sujas em anjos não tocam,
e porque eu sou fogo que não extingue,
mas que ousa queimar.

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