Instantes

Podia ter escrito mil poemas sobre o teu olhar ou descrito o teu sorriso de mil e uma maneiras. Podia ter erguido uma religião sobre admirar-te.
E, até sobre amar-te.
Podia ter subido ao topo do ponto mais alto da cidade, e gritar a plenos pulmões que me possuías: por inteiro, e para sempre.

Mas não o fiz.

Decidi guardar-te num instante, numa memória; e levar-te para sempre no meu peito.
Decidi memorizar cada segundo; Cada traço e cada sarda do teu rosto.
Parei o tempo no preciso momento em que me olhaste...
E guardei-te.

Imortalizei o teu olhar, e tornei éfemero tudo o resto; O resto não importa quando se trata de ti.
Ainda assim, adiei o inadiável: Sorri-te, e segui.
Segui, sabendo que quis o fado levar-me até ti.
Segui, sabendo que nada mais seria o mesmo.
Mas mentiria se dissesse que o meu ser consciente e racional tinha seguido sabendo que jamais pertenciaria a outro alguém. Ou sabendo que jamais me perderia noutro olhar, senão o teu.

É que eu sempre te pertenci.
Sou tua desde o dia em que te guardei, ingénua e inocente sem saber ao certo porquê.
Fiz de ti um altar digno de Olimpo: E que nem crente, agarrei-me à esperança. Que nem poeta, agarrei-me ao sonho.
Que nem eu, agarrei-me a ti.

E quiseram os Deuses levar-me até ti.

Hoje amo-te como amo ser livre.
Hoje amo-te e sei que já nos amámos antes: Noutras vidas, num outro universo, quiçá?
E hoje eu amo-te, na calma que é saber que te (re)encontrarei em muitas outras vidas;
Em muitos outros universos.
Ou talvez até sejas tu o meu universo, porque vejo no teu olhar galáxias e oiço na tua voz as estrelas.

Ou talvez nada disto seja real,
talvez as almas gémeas não existam,
nem os anjos,
nem outros universos:

Mas se assim for..
Então faço as malas,
pego no casaco..
E vivo no lar que são os teus braços.

Porque não há mundo sem anjos em que valha a pena viver.
Nem existem universos sem amor.
...Ou sem ti.

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